A Floresta Ombrófila Densa(FOD) em Santa Catarina foi intensamente explorada, fragmentada e defaunada, sendo que seus ambientes insulares são os mais vulneráveis. Isto se dá pelo incremento da ação de filtros ambientais sobre a montagem de assembleias de mamíferos de médio e grande porte. Este processo é influenciado por características ambientais, capacidade de dispersão e dinâmicas internas, como as interações entre espécies. Considerando a fragmentação em áreas de FOD e o processo de defaunação, investigamos se o isolamento afeta mais a composição da assembleia de mamíferos de médio e grande porte devido a influência no efeito-resgate e pressão sobre as características funcionais das espécies. Entre os anos de 2005 e 2022, com um esforço de amostragem de 14.434 armadilhas-dia, foram obtidos 3.851 registros independentes diários em 14 áreas de FOD de Santa Catarina, em região continental e insular (Ilha de Santa Catarina). Através da análise RLQ—utiliza três matrizes de variáveis(R:ambientais, L:abundância e Q:funcionais)—investigamos as diferenças de composição das assembleias de mamíferos. Utilizamos a análise do Quarto-Canto para avaliar a significância das variáveis na análise RLQ. Um total de 27 espécies foi registrado, sendo Dasyprocta azarae e Didelphis aurita as espécies dominantes em ambientes insularizados. A RLQ demonstrou que em ambientes defaunados a insularização e presença de carnívoros e mamíferos de maior porte são os fatores que mais influenciam na estruturação das assembleias. Destacamos a dominância de Dasyprocta azarae (espécie sensível) em áreas insularizadas livre de predadores estritos, pois esta demonstrou-se resiliente a atuação dos filtros ambientais. Compreender os traços funcionais das espécies que permitem a persistência em ambientes insularizados, possibilita a identificação de padrões de montagem de assembleias em ambientes defaunados colaborando para ações de conservação e manejo.