A Ecologia Histórica é um ramo da ciência que está focado no estudo das relações
históricas entre grupos humanos e a formação das paisagens. Essas relações influenciam
a estruturação de comunidades ecológicas e, por sua vez, a biodiversidade de espécies e
as diferentes fitofisionomias. Pesquisas botânicas e ecológicas em sítios arqueológicos
são uma forma útil de investigar características das ocorrências das espécies, assim
como, da estrutura das comunidades vegetais, auxiliando no entendimento dos usos,
manejo e domesticação das plantas por seres humanos, dando suporte para a abordagem
da Ecologia Histórica. O uso antropogênico das plantas é amplo e diverso, sendo
utilizadas para rituais, alimentos, medicamentos, alimentação animal etc. e depende da
ocorrência e disponibilidade das espécies. No Brasil, os Sambaquis são importantes
registros históricos de ocupação humana principalmente no litoral, e ocorrem
principalmente em baías e lagunas, onde há abundância de mariscos e peixes. No
entorno dos Sambaquis, o estudo das espécies vegetais, assim como dos usos e do
manejo atual, tem ajudado no entendimento de possíveis usos de espécies encontradas
nos registros arqueobotânicos desses locais. Diversos trabalhos por exemplo têm
dificuldade em estabelecer relações de possíveis usos e manejo no passado com as
evidências de materiais líticos de processamento de plantas encontradas hoje, pela
carência de informações sobre as espécies presentes atualmente nas paisagens do
entorno de Sambaquis, e pela falta de sistematizações sobre usos e formas de manejo.
Assim, este projeto tem como objetivo geral descrever os usos e formas de manejos de
espécies arbóreas identificadas nas proximidades de sítios arqueológicos de Sambaqui,
na região de Joinville (SC), com ênfase, no Sambaqui Ilha dos Espinheiros II, e gerar
hipóteses que contribuam para estudos em ecologia, ecologia história e em arqueologia.