Estudos sobre as características da madeira de árvores longevas, como a Araucária, ainda são escassos no Brasil. Desta forma os objetivos do estudo foram analisar a idade, densidade e a morfologia dos traqueídeos da madeira da Araucaria angustifolia, a partir de exemplares centenários. As amostras utilizadas foram oriundas das cidades de Fraiburgo, Ponte Alta e Campo Belo do Sul, SC. Destas extraíram-se discos que foram polidos para possibilitar a análise dos anéis de crescimento para estimativa da idade, a partir da dendrocronologia. Dos mesmos discos retiraram-se baguetas radiais, que foram marcadas em porções a cada 10% no sentido medula-casca. Cada amostra foi avaliada quando a sua densidade e submetida ao processo de maceração, visando a individualização dos traqueídeos para mensuração das suas dimensões, bem como dos indicadores anatômicos. A partir das análises dendrocronológicas estimou-se que as amostras de Araucária avaliadas apresentavam idades variando entre 210 e 275 anos. As densidades básica e verde médias foram de 0,47 e 1,17 g/cm³, respectivamente. Apenas a densidade básica apresentou variação significativa ao longo do raio, com tendência de aumento no sentido medula-casca. O comprimento médio dos traqueídeos foi de 5,42 mm; a largura de 45,23 µm; diâmetro do lúmen de 32,69 µm e a espessura da parede de 6,27 µm; apenas o comprimento apresentou variação significativa ao longo do raio, com aumento na direção medula-casca. Em relação aos indicadores anatômicos, a espécie se mostrou muito boa para a produção de papel, com fração parede de baixa rigidez, coeficiente de flexibilidade que proporciona boa superfície de contato entre os traqueídeos, índice de Runkel muito bom e alto índice de enfeltramento. Os indicadores anatômicos não variaram de forma significativa no raio. Conclui-se que a madeira da Araucária apresenta boa homogeneidade ao longo dos anos, o que é interessante do ponto de vista comercial ou de futuros plantios florestais.