A pesquisa faz uma leitura, a partir da sociologia da saúde, sobre a forma com que a
problemática da Leishmaniose Visceral Canina é abordada em distintos contextos, e, em
especial, no Uruguai, quando em comparação com estratégias desenvolvidas no Brasil.
Pretende-se compreender e discutir os discursos que compõem a abordagem da Leishmaniose
Visceral Canina em distintos âmbitos da ação política. Ainda, indaga-se de que forma os
fatores sociais são considerados juntamente com fatores epidemiológicos no desenvolvimento
de ações de controle e prevenção. Foram realizadas coletas e análises de materiais midiáticos,
notícias e documentos institucionais, veiculados online, e entrevistas. A discussão recorre aos
preceitos básicos de análise de conteúdo e análise de discurso. Identificam-se tanto
convergências quanto tensões entre as medidas socioepidemiológicas institucionais, a
comunicação da mídia e os aspectos sociopolíticos da realidade de populações vulneráveis e
negligenciadas acometidas pela zoonose. As conclusões apontam para a necessidade de
avaliação das políticas de controle da zoonose, que adotam abordagens majoritariamente
administrativas, que parecem subestimar a interdependência multiespécie. A comunicação
pública ilustra o privilégio das soluções técnicas sobre os aspectos relacionados ao caráter
sociopolítico de relações ecológicas e dos ciclos zoonóticos.