O hábito de cozinhar vem sendo estimulado para promover o consumo de alimentos frescos preparados a partir do zero, em substituição a alimentos processados e ultraprocessados cuja ingestão excessiva tem sido relacionada ao aumento de doenças crônicas não transmissíveis em vários países do mundo. Ao mesmo tempo a internet tem sido apontada na literatura como fonte de aprendizado sobre culinária. Ainda é incipiente a pesquisa sobre a qualidade nutricional das receitas culinárias divulgadas na internet no Brasil. O objetivo do estudo foi analisar a adequação de receitas culinárias designadas como ‘fit’ em site brasileiro de compartilhamento de receitas às diretrizes nacionais para alimentação adequada e saudável. Foram analisadas 127 receitas designadas como "fit", compostas por um total de 862 ingredientes, dos quais 7,7 % (n = 67) foram classificados como ultraprocessados em relação ao grau de processamento. Estrutura qualitativa para avaliação da saudabilidade de receitas culinárias (n total = 127) identificou um percentual de 23,6 % (n = 30) quanto ao uso de legumes e verduras nas preparações, 1,6 % (n = 2) de leguminosas, 18,9 % (n = 24) de oleaginosas e 37,0 % (n = 47) de frutas. A presença de alimentos ricos em açúcares foi observada em aproximadamente ¼ de todas as receitas contidas no banco. O ambiente virtual pode ser um grande aliado para aqueles que buscam informação, entretanto os resultados do presente estudo indicaram exposição inadequada dos usuários a receitas denominadas como fit, de forma que, receitas encontradas online, com foco no nicho saudável, não são submetidas a nenhum tipo de controle profissional a fim averiguar se podem, de fato, categorizar-se como tal. Deste modo, destaca-se a importância de políticas públicas que busquem educar a população para que a mesma se torne apta a realizar escolhas alimentares adequadas, refletindo na prevenção de doenças crônicas, maior autonomia alimentar e uma maior qualidade de vida.