Este trabalho tem como objetivo fornecer uma resposta positiva para a problemática a respeito da possibilidade de obtermos conhecimento sobre o mundo empírico, através de obras de ficção. Apresentamos uma defesa da tese do cognitivismo crítico, proposta por John Gibson, segundo o qual é possível ter ganhos cognitivos a partir da interpretação de obras ficcionais em um contexto externo a elas, bem como a perspectiva de Catherine Elgin, na qual a ficção pode ser tomada como um experimento mental que exemplifica e nos fornece acesso epistêmico a certos aspectos normativos, psicológicos e metafísicos do mundo empírico. Nossa proposta é mostrar que essas narrativas ficcionais propiciam, com relativa independência do meio acadêmico, discussões caras à filosofia. Por fim, realizamos uma análise crítica do romance O Tempo e o Vento de Érico Verrísimo, buscando demonstrar que, tanto os elementos propriamente ficcionais quanto os elementos históricos envolvidos no romance podem ser utilizados como experimento mental na tarefa de decifrar e exemplificar os elementos presentes na narrativa ricoueriana.