As epífitas representam grande parte da diversidade das Florestas Tropicais Úmidas e detêm estruturas anatômicas adaptadas à
restrição hídrica e busca de irradiação solar, tal como as rupícolas. Gesneriaceae é a segunda maior família em número de espécies epífitas dentro das dicotiledôneas e também apresenta gêneros rupícolas. O estudo visa caracterizar a morfoanatomia foliar de Codonanthe gracilis (epífita) e Sinningia bulata (rupícola endêmica de Florianópolis/SC) correlacionando-as às adaptações às condições ambientais. Folhas expandidas foram analisadas em microscopias óptica e eletrônica de varredura, in vivo ou fixadas em
gluteraldeído 2,5%, em tampão fosfato de sódio. Ambas espécies têm folha dorsiventral e hipoestomática e estômatos anfianisocíticos, com ampla câmara subestomática, característica xeromórfica. Estômatos elevam-se acima das demais células epidérmicas, levemente em C.gracilis e acentuadamente em S.bulata, favorecendo a perda de água se aumentar umidade do ar. Estômatos muito próximos em S.bulata favorecem redução da evapotranspiração quando a irradiação solar eleva-se. A epiderme é uniestratificada, ocasionalmente
biestratificada em C.gracilis, com cutícula espessada e conspícuas ceras epicuticulares em C.gracilis, evitando dessecação. Tricomas aglandulares são raros em C.gracilis e abundantes em S.bulata, nesta espécie ainda ocorrem tricomas glandulares. Células epidérmicas adaxiais são amplas e mucilaginosas em S.bulata, possibilitando reserva hídrica; em C.gracilis, reserva hídrica é provida por hidrênquima, cujas células são mucilaginosas e com reforços na parede. O mesofilo das duas espécies apresenta parênquimas paliçádico e esponjoso. Antocianinas ocorrem no bordo foliar. Feixes vasculares são colaterais e contornados por algumas esclereídes nas duas espécies. Características predominantemente xeromórficas revelam adaptações e estratégias semelhantes nestas distintas formas de vida para sobrepujar as restrições ambientais.