O projeto “Olhares de África” aborda as artes visuais contemporâneas através das narrativas e discursos de artistas que contestam, reforçam e recriam imagens de África na atualidade.
     O projeto foi iniciado em 2006 com o apoio da CAPES e teve em 2008 e 2009 o apoio do CNPq. Procura-se dar continuidade ao diálogo com a teoria pós-colonial, ao repensar lugares de saber, poder e representação presentes nas relações entre nações e culturas posicionadas desde o processo de descolonização.
     Assim, o projeto busca identificar e discutir as produções artísticas que foram ou que são hoje associadas à África ou como de origem africana – tendo como pano de fundo dos países como Brasil, Portugal e Moçambique. As concepções correntes sobre tradição e modernidade, autenticidade e singularidade são discutidas seja enquanto expressão (ou não) de visões pluriculturais, seja como desdobramentos de políticas culturais com supostas intenções de democratização da sociedade através da cultura.
     Reconhecendo a relevância de como as imagens de África são veiculadas em diferentes contextos e múltiplos discursos a elas são associadas, busca-se, portanto, depreender as imagens que se apresentam como articulações discursivas e integram as narrativas históricas e heróicas e que tem nas artes visuais o seu ponto de ancoragem.
     No Brasil, esta produção vem destacando-se enquanto projeções de singularidades realçadas desde um passado colonial escravista. Em Moçambique remetem ao contemporâneo, a uma forma de distanciar-se dos estereótipos de arte convencionalmente vista como primitiva ou tribal. Em Portugal, vêm sendo identificadas com o período pós-independências, pelos desdobramentos e processos reflexivos e por vezes, vista como arte da lusofonia. A relação espaço-tempo está sendo propositalmente destacada no projeto para ampliar as possibilidades comparativas das imagens e narrativas envolvidas à uma poética visual africana e afro-brasileira.