São evidentes os efeitos do impacto ambiental causados pela influência da ação antrópica em corpos da água. Uma das consequências mais irremediáveis é a eutrofização, gerada principalmente pelo despejo inadequado de resíduos ricos em fósforo. Este nutriente é não-renovável e suas jazidas estão em declínio, principalmente devido seu indispensável uso como base de fertilizantes. Assim, a busca por soluções relativas a recuperação de fósforo tem sido um assunto recorrente, e nesse viés, estações de tratamento de esgoto têm chamado atenção devido à grande concentração de nutrientes presente nos efluentes. Tendo isso em vista, e sendo a adsorção um método de recuperação de elementos de difícil remoção que possui diversas vantagens econômicas e práticas, este trabalho visou a extração do biopolímero alginate-like exopolysaccharides (ALE) presente no lodo descartado de um reator de bateladas sequenciais e sua utilização como adsorvente de fósforo contido em amostras líquidas sintéticas e reais (urina humana), a fim de reutilizar o fósforo adsorvido como possível biofertilizante. A metodologia para determinar sua viabilidade compreendeu ensaios de adsorção, eficiência de remoção, caracterização do lodo e do ALE, além de modelos de isotermas, cinéticos e termodinâmicos. O modelo de isotermas melhor ajustado foi o de Langmuir, o que indica alta afinidade entre o adsorvato e a superfície do adsorvente. A caracterização do lodo e biopolímero apresentou adequação de acordo com a CONAMA 375/2006, viabilizando a sua utilização pós-adsorção na agricultura, além de apresentar um rendimento de 23% de ALE em relação ao lodo. Verificou-se que a máxima capacidade de adsorção de fósforo pelo biopolímero foi 11,49 mg P g-1 para soluções sintéticas, e 61% de remoção de fósforo presente na urina humana diluída, resultados promissores. Por fim, experimentos de regeneração das esferas de ALE determinam a viabilidade de seu uso para fins de liberação lenta de fósforo na agricultura.