Introdução: Atualmente, os animais de estimação são considerados membros da família, tamanha importância que têm na vida das pessoas. Essa relação gera preocupações inerentes à qualidade do tratamento que os animais receberão no fim da vida. Nessa perspectiva emergem os cuidados paliativos em medicina veterinária. Objetivo: Compreender como médicos veterinários lidam com famílias multiespécies no contexto dos cuidados paliativos. Metodologia: Trata-se de um estudo transversal, com abordagem qualitativa, realizado em um município do planalto catarinense. Os dados foram coletados por meio de entrevistas semiestruturadas, as quais foram gravadas e transcritas na íntegra. Os dados foram submetidos à análise de conteúdo. O projeto de pesquisa foi aprovado por um Comitê de Ética em Pesquisa com Seres Humanos. Resultados e Discussão: Participaram do estudo sete médicos veterinários. Da análise dos dados emergiram duas categorias: Lidando com pacientes no contexto dos cuidados paliativos, onde os discursos revelam que a assistência ofertada ancora-se em uma concepção genérica e reducionista de cuidados paliativos, com foco no conforto e bem-estar do paciente, em detrimento das necessidades de cuidado dos familiares; ou em uma concepção errônea, com foco na cura da doença ou como uma condição onde não há nada a se fazer; e Incluindo a família no processo de cuidado, onde os discursos são ampliados e os familiares são considerados fundamentais no tratamento e incluídos no plano de cuidados e na tomada de decisões. Com relação ao suporte no luto, quando acontece, a incipiente assistência limita-se a uma conversa, um telefonema, ou a orientações sobre o enterro do animal. Considerações Finais: Evidencia-se a importância da inclusão de disciplinas como psicologia, comunicação, relação homem-animal e cuidados paliativos nos currículos dos cursos de graduação em medicina veterinária, para melhor preparar os estudantes para lidar com famílias multiespécies em cuidados paliativos.