A malária é uma doença infecciosa causada por parasitas do gênero Plasmodium que é transmitida ao homem por mosquitos do gênero Anopheles. Em 2017, o Brasil registrou  aumento no número de casos de malária, principalmente na região Amazônica, que compreende cerca de 90% dos casos da doença no país. Contudo, a região da Mata Atlântica também apresenta casos da doença por ser rica em bromélias, criadouro larval das espécies de anofelinos do subgênero Kerteszia. Na Mata Atlântica, o principal mosquito vetor da malária de bromélias é o Anopheles (Kerteszia) cruzii, que também é incriminado como o único mosquito capaz de transmitir Plasmodium sp. de primatas não humanos ao homem. Devido à importância desse vetor, estudos de monitoramento da espécie em áreas preservadas são necessários para avaliar o risco de transmissão da malária nessas regiões. Portanto, este estudo tem como principal objetivo analisar, através de uma combinação de capturas em campo, identificações morfológicas e análises moleculares, a dinâmica da população de An. cruzii estabelecida na Unidade de Conservação do Desterro (UCAD) – Florianópolis, a fim de detectar se esses anofelinos encontram-se infectados com Plasmodium e apresentam risco de transmissão da doença. Neste estudo, além de An. cruzii, outra espécie de Kerteszia - An. neivai - que até o momento nunca tinha sido encontrada em Santa Catarina também foi capturada. Ainda, observamos uma tendência ao predomínio de anofelinos em armadilhas instaladas na copa quando comparadas ao solo. Este fato pode ser correlacionado a  acrodendrofília da espécie, e corrobora o importante papel que esse anofelino possui na transmissão de malária simiana. Além disso, obtivemos maior número de anofelinos coletados na primavera e no verão, confirmando o que já é descrito na literatura, que os mosquitos do subgênero Kerteszia são influenciadas por fatores como clima e precipitação, ocorrendo nas estações mais quentes e chuvosas uma maior densidade populacional.