A pesquisa se desenvolveu entre dezembro de 2018 e agosto de 2020 no Programa Voluntário de Iniciação Científica e no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), junto ao departamento de filosofia. O tema central desenvolvido na pesquisa é o da dicotomia entre fato e valor e o papel da ficção científica na construção de conhecimento. Particularmente, na primeira sessão foram investigadas diferenças no tratamento de tal dicotomia na literatura de Aldous Huxley e na filosofia de Bertrand Russell. Em se tratando de uma pesquisa introdutória, em nível de graduação, o objetivo era simplesmente o de levantar tais diferenças, em preparação para um aprofundamento em pesquisas posteriores. Na segunda sessão foi trabalhada a relação entre ficção e produção filosófica, e introduzindo a pesquisa no contexto da pandemia atual, uma terceira sessão foi criada onde trabalhamos a relação entre pandemia e ficção. Em suma, concluiu-se que mesmo sendo ficções, muitas dessas produções possuem um estudo científico sério para a construção de um roteiro mais próximo quanto possível da realidade. A ficção, ao possibilitar que o público se identifique com personagens e que se coloque em certos contextos, transmite mensagens sobre valores com mais facilidade em contextos populares do que a filosofia. Isso se dá porque a filosofia, particularmente no caso de Russell, se compromete com uma distinção entre fatos e valores, [nota: nesta pesquisa não abordamos alternativas filosóficas que rompem com a dicotomia entre fato e valor] impedindo que certas conclusões possam ser fundamentadas de maneira consistente. Assim, a conclusão mais geral que podemos obter é que a ficção, em particular a ficção científica, oferece um contexto popular e mais livre para a introdução de reflexões filosóficas e para a discussão de questões científicas. A filosofia não deve se afastar desses contextos mais populares, mas deve se utilizar deles para atingir o público de maneira mais eficiente.