A Mata Atlântica é um dos biomas tropicais sob alta pressão antrópica e com inúmeras espécies em risco de extinção. A família Myrtaceae compõe de 10% a 15% das angiospermas arbóreas desse ecossistema, e inclui Campomanesia xanthocarpa Berg e Campomanesia reitziana, espécies nativas do Brasil com elevado valor ecológico e econômico, as quais produzem sementes sensíveis à dessecação (SD). A sensibilidade à dessecação das sementes impõe restrições à conservação in situ e em bancos de germoplasma convencionais devido a rápida perda de viabilidade. A possibilidade de indução da tolerância à dessecação (TD) em sementes SD pode ser possível por meio da alteração do conteúdo de dois reguladores do crescimento vegetal (ácido abscísico-ABA e giberelina-GA). Neste sentido, foi estudado o efeito da aplicação de sete soluções: água, ABA, diniconazole (DE), fluridone (FLU), ABA/DE, DE/FLU e paclobutrazol (PAC) na germinação de sementes de C. xanthocarpa antes e depois da dessecação. Foi observado que sementes não dessecadas não apresentram diferenças na porcentagem de germinação e no índice de velocidade de germinação (IVG). Já nas sementes submetidas à dessecação foi observado aumento na porcentagem de germinação e IVG nas sementes embebidas em água, ABA, PAC, DE e FLU+DE. Os maiores valores na porcentagem de germinação foram observados em Água  (37,5% ± 6,4) e ABA (43,7% ± 8,5) quando comparadas com as sementes que foram apenas dessecadas (20,2% ± 5,2). Também foi observada redução da germinabilidade e IVG após aplicação do FLU (7,5 ± 5), indicando que o ABA é necessário para aumento da TD. Os resultados indicaram que o ABA exerce função primordial no aumento da TD, provavelmente participando da ativação dos mecanismos de proteção ao estresse causado pela dessecação.