A fibromialgia (FM) é uma síndrome caracterizada por dor musculoesquelética difusa e crônica associada a distúrbios do sono, fadiga, depressão e ansiedade. Sua fisiopatologia não foi elucidada, mas há fortes evidências do envolvimento de alterações no processamento central da percepção dolorosa. O tratamento farmacológico é baseado em analgésicos, antidepressivos, anticonvulsivantes e relaxantes musculares. Estes medicamentos estão associados com alta ocorrência de efeitos adversos, fator limitante para à adesão ao tratamento. Sendo assim, são necessários investimentos em pesquisa e desenvolvimento de novos tratamentos que garantam segurança e maior eficácia. Portanto, neste trabalho buscamos o reposicionamento do fármaco diacereína (DIA) para tratamento da FM. O objetivo geral consiste na avaliação do efeito da DIA através de testes sensoriais, comportamentais e cognitivos realizados em camundongos submetidos ao modelo de FM induzido por reserpina. O projeto utilizou 42 fêmeas de camundongos provenientes do biotério central da UFSC. Os animais foram divididos de forma randomizada em 7 grupos (n=6). O tratamento dos animais foi realizado duas vezes ao dia por gavagem, sempre 1 hora antes dos testes. De acordo com a divisão randomizada dos grupos, foram aplicadas as doses de 3 e 30mg/kg de DIA, 10mg/kg de duloxetina (DLX) para grupo controle positivo e salina para grupo controle negativo. As avaliações pelo teste de von Frey demonstraram que as doses de 3 e 30mg/kg de DIA foram capazes de reduzir a hiperalgesia provocada pela reserpina com efeito sustentado por até 4 horas. O efeito antihiperalgésico da DIA foi mantido em avaliações posteriores até o 9º dia de experimento. Os grupos tratados com DLX ou DIA também apresentaram score inferior na escala Grimace, indicando menor expressão de dor. Através do teste de suspensão pela cauda foi avaliado o comportamento tipo depressivo, onde somente os grupos tratados com DLX apresentaram redução significativa da imobilidade.