É recorrente a reclamação de profissionais da educação, especialmente professoras, sobre a lacuna que há em seus processos formativos, seja inicial ou continuada, referente às temáticas: sexualidade, gênero, diversidade sexual e de gênero. Tal fato nos permite observar que historicamente professores e professoras da Educação Básica acabam ficando à margem dos debates, reconhecimento e intervenções pedagógicas sobre as temáticas mencionadas, incluindo a violência de gênero. E se considerarmos que a nossa socialização ocorre numa cultura que hierarquiza as expressões do comportamento sexual, de onde internalizamos uma visão preconceituosa, nos questionamos o que temos feito para combater o preconceito, a discriminação e a exclusão das sexualidades não heterossexuais? Temáticas traduzidas em vivências, que como temos observado, atingem também a comunidade escolar, inclusive o corpo docente.

Deste modo, a pesquisa em questão pretende ser sensibilizadora, bem como, proporcionar espaço de formação às docentes envolvidas, uma vez que corroboramos com Paulo Freire quando observa que somente podemos conhecer a realidade dos que participam desse tipo de intervenção, ou seja, a pesquisa. Esse sem dúvidas é o nosso maior propósito.

Até o momento a pesquisa buscou mapear e analisar a discussão acadêmica acerca da violência de gênero na educação básica, a partir da perspectiva das professoras. Embora o levantamento tenha se mostrado escasso, essa primeira aproximação nos permite refletir como a temática se projeta, além de permitir observar os avanços, retrocessos e embates presentes nesta discussão. Devido a pandemia, as entrevistas propostas no projeto para compreender as narrativas das professoras sobre o fenômeno não foram realizadas, entretando, para suscitar a discussão no meio docente, foi proposto um questionário, elaborado no Google Forms, que será disponibilizado nas instituições de educação básica para as professoras.