Número do Painel
Autor
Instituição
UFSC
Tipo de Bolsa
BIPI/UFSC
Orientador
MÁRCIO MARKENDORF
Depto
DEPARTAMENTO DE ARTES / ART/CCE
Centro
CENTRO DE COMUNICACAO E EXPRESSAO
Laboratório
Grande Área / Área do Conhecimento
Ciências Humanas e Sociais/Linguística, Letras e Artes
Sub-área do Conhecimento
Teoria Literária
Titulo
O registro de epidemias: estudo sobre ‘Um diário do ano da peste’, de Daniel Defoe
Resumo

Contrariando o esperado da moderna era das mídias, a pandemia de coronavírus produziu enorme desinformação, propagandização de fármacos ‘milagrosos’, culpabilização do Outro e gestão governamental desastrosa. Em 1665, a população londrina, assolada pela epidemia de peste bubônica, viu-se cercada por anúncios de poções milagrosas e empreitadas culpabilizadoras acerca da nação responsável por tamanho mal. Nesta pesquisa de IC, por meio da avaliação do relato epidêmico de uma obra literária, buscou-se delimitar comportamentos recorrentes frente a um quadro de saúde pública. O objeto de análise foi o romance de Daniel Defoe, ‘Um diário do Ano da Peste’, cujo trabalho, além de examinar criticamente a epidemia de 1665, expôs condições de segregação e hostilidade contra infectados, crenças astrológicas e religiosas de praga divina, propagação de curas mágicas, aprofundamento da pobreza, extermínio de animais domésticos, imposição de violenta quarentena, enterros na vala comum, ineficiência das autoridades. A partir de uma pesquisa orientada de natureza bibliográfica, certas chaves de leitura foram convocadas para a delimitação do domínio simbólico implicado à doença, como paisagem do medo, doença e metáfora, biopolítica, vulnerabilidade humana, abjeção, monstruosidade, contaminação, necropolítica. Ainda que o alcance do tratamento médico no século XXI seja distinto do século XVII, o que já produz notórias diferenças entre a atualidade e o contexto descrito, pôde-se perceber que há a persistência de certas posturas em situações epidêmicas, como a busca pelo inimigo viral originário, a postura negacionista e o uso de farmacologia fantasiosa. Como foi possível concluir, paisagens do medo e empregos metafóricos das doenças são recorrentes porque estes expõem a fragilidade humana perante a natureza. E diante da morte coletiva, seres humanos buscam frequentemente nos astros, em deus, nos milagres e na culpabilização do outro as ferramentas principais para tentar sobreviver.

Link do Videohttps://repositorio.ufsc.br/handle/123456789/226389
Palavras-chave
doença, epidemias, literatura, imaginário, biopolítica, necropolítica
Colaboradores

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