Devido a um forte declínio populacional, nos últimos anos houve um aumento significativo no interesse sobre os elasmobrânquios pela comunidade científica. Novos métodos de pesquisa vêm sendo aprimorados e utilizados, como por exemplo os BRUVs (Baited Remote Underwater Videos), ferramenta que dispensa o uso de mergulhadores para as pesquisas com elasmobrânquios, trazendo inúmeras vantagens. Para fomentar a criação e ampliação de áreas marinhas protegidas é necessário ampliar o acesso a dados sobre a ecologia dos animais, o que pode ser feito eficientemente através dos BRUVs. Foram desenvolvidos três modelos de BRUVs com diferentes configurações estruturais, todos eles confeccionados com materiais de custo reduzido e facilmente encontrados no mercado. Diante dos testes, dois deles apresentaram bom desempenho, se equiparando aos equipamentos mais tecnológicos quanto à obtenção de imagens. Durante um teste realizado na Ilha Deserta - SC, 8 espécies de teleósteos foram registradas, inclusive apresentando interações interespecíficas, demonstrando o potencial da ferramenta em pesquisas com outros grupos taxonômicos. Concluiu-se que o melhor ambiente para o desenvolvimento de pesquisas com elasmobrânquios utilizando os BRUVs é o de recife de coral, devido à elevada riqueza de indivíduos e espécies de tubarões e, além disso, à visibilidade favorável à obtenção de imagens. Apesar de não apresentarem características ambientais muito favoráveis, diversos pontos da costa brasileira podem ser utilizados para estudos com abordagens diferenciadas, buscando registrar biomassa, presença de espécies já conhecidas, detecção de novas espécies, uso de áreas específicas e a relação habitat-indivíduo. A pesquisa na costa de SC deve focar no parâmetro Tempo para Primeiro Avistamento, que não exige grande abundância e, com o tempo de imersão da isca mais prolongado, pode trazer resultados expressivos quanto à presença de elasmobrânquios na costa brasileira.