A pesquisa integra um projeto mais amplo que explora as dinâmicas da espacialização da economia-mundo europeia e das relações de poder coloniais na porção territorial portuguesa do continente americano. Realizou-se no último ano o trabalho com a documentação de concessões de patentes e provisões para o preenchimento de cargos na capitania de São Paulo, entre 1720 e 1750. Foram lidas mais de duas mil páginas de manuscritos, com mais de mil concessões de patentes e provisões. Os dados sistematizados possibilitaram apurar os nomes dos beneficiados, das autoridades que concederam os cargos, os ordenados, os locais de exercício e cargos anteriores. De posse destas informações lançou-se mão do software QGIS para confeccionar mapas que auxiliaram na compreensão de como os dados levantados se relacionaram com o extenso território compreendido pela administração da capitania de São Paulo. Com todo o levantamento realizado e o tratamento de dados executado, somados às reuniões periódicas de orientação e participação em grupos de estudos, que ocorreram de forma remota em função da pandemia de Covid-19, foi possível estabelecer diálogo com uma robusta bibliografia e as indagações teórico-metodológicas por ela levantadas. Ao final da pesquisa aferiu-se que o estudo das concessões de patentes e provisões pode revelar muitos elementos sobre as relações de poder que se estabeleceram na América Portuguesa durante a primeira metade do século XVIII, bem como servir para problematizar como essas relações mediavam a espacialização de atividades produtivas e a constituição de circuitos de comércio. A pesquisa contribui, portanto, para adensar os conhecimentos e a espessura histórica do complexo processo de integração de um território de dimensões continentais às malhas da economia capitalista.