Os registros de atendimento médico e o estabelecimento da estrutura hospitalar são dados essenciais para o entendimento da relação saúde e doença de uma determinada localidade. Neste contexto, o objetivo desta pesquisa foi coletar aspectos históricos dos registros de óbitos, sobretudo os locais de falecimento e os atendimentos médicos prestados com base na análise do registro de óbitos da população de Cruzeiro. O acesso ao Livro de Óbitos foi realizado pela plataforma familysearch. Os resultados da pesquisa contabilizam 1.188 assentos incluindo informações sobre o local onde ocorreu a morte, que dada às características da época, na grande maioria dos casos (85,61%), era também o local de residência da pessoa falecida. Vale ressaltar que os primeiros hospitais surgem apenas no início da década de 1940 e que, tão somente 93 (7,83%) dos óbitos ocorreram nesses espaços. Em 692 casos (58,25%) dos 1188 assentos os registros contaram com atestado médico. Nesses casos, foram identificados 29 médicos presentes na região, entre eles destacam-se: Augusto Cautergiani atuou desde 1927 e foi responsável por 404 atestados (34,01%); Ernesto Giorno atuou desde 1930 e totalizando 128 registros (10,77%). De acordo com os dados supracitados, foi possível constatar que no período de 1917 a 1946 no município de Cruzeiro havia poucos médicos para atendimento da população e, grande parte dos falecimentos ocorria nas residências e sem receber assistência médica. Além disso, devido ao surgimento tardio dos primeiros hospitais, os atendimentos médicos foram realizados em lugares com poucas condições de esterilidade ou especialidade de atendimento que podem ter contribuído com o aumento da mortalidade. Por fim, acredita-se que a fundação recente do município e falta de investimento na assistência médica na região podem estar relacionados com precariedade de condições de saúde dos primeiros habitantes do antigo município de Cruzeiro.